Em primeiro lugar, gostaríamos de esclarecer onde, como e quando teve origem a chamada Igreja Católica.
A palavra “Igreja” explica-se claramente pela sua origem latina Eclésia, que significa «assembleia». Na verdade, designa a reunião dos primeiros cristãos para celebrar a Eucaristia, mas também o edifício, a construção na qual se desenrola esta celebração e o local de encontro da comunidade. O termo “católica”, vem do grego katholikos e significa «universal», estando em conformidade com o desejo do seu fundador, JESUS CRISTO: “Ide pelo mundo inteiro, proclamai o Evangelho a toda a criatura” (Mc 16, 15).
Como já foi dito, a Igreja tem origem divina (Jesus Cristo: verdadeiro homem e verdadeiro Deus). Mas antes mesmo de ser fundada, Jesus fez questão de manifestar esta sua vontade e interesse divino aos seus Apóstolos.
É no Evangelho de São Mateus que podemos confirmar este seu desejo: “Ao chegar à região de Cesárea de Filipe, Jesus fez a seguinte pergunta aos seus discípulos: «Quem dizem os homens que é o Filho do Homem?». Eles responderam: «Uns dizem que é João Baptista; outros, que é Elias; e outros, que é Jeremias ou algum dos profetas.» Perguntou-lhes de novo: «E vós, quem dizeis que Eu sou?» Tomando a palavra, Simão Pedro respondeu: «Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo.» Jesus disse-lhe em resposta: «És feliz, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que to revelou, mas o meu Pai que está no Céu. Também eu te digo: Tu és Pedro, e sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do Abismo nada poderão contra ela. Dar-te-ei as chaves do Reino do Céus; tudo o que ligares na terra ficará ligado no Céu e tudo o que desligares na terra será desligado no Céu ” (Mt 16, 13-19).
Assim, vemos que Jesus promete edificar a Sua Igreja sobre Pedro que, momentos antes testemunhara em seu nome e no dos demais Apóstolos a Messiandade e Filiação Divina de Cristo. A Igreja de Jesus terá como principal característica a indestrutibilidade, mesmo quando sondada pelas artimanhas do demónio. A Igreja, portanto, ainda não havia sido fundada, mas já tinha o seu chefe (Papa) escolhido entre os discípulos: é Pedro que recebe as chaves do Reino, com o poder de ligar e desligar as coisas do Céu. Posteriormente, Jesus volta a falar da Sua futura Igreja, confirmando a sua autoridade perante os seus fiéis: “Se o teu irmão pecar, vai ter com ele e repreendo-o a sós. Se te der ouvidos, terás ganho o teu irmão. Se não te der ouvidos, toma contigo uma ou duas pessoas, para que toda a questão fique resolvida pela palavra de duas ou três testemunhas. Se ele se recusar a ouvi-las, comunica-o à Igreja; e, se ele se recusar a atender a própria Igreja, seja para ti como um pagão ou um cobrador de impostos. Em verdade vos digo: Tudo o que ligardes na Terra será ligado no Céu, e tudo o que desligardes na Terra será desligado no Céu” (Mt 18, 15-18).
Vemos assim que o pecador que não escutasse o seu irmão e fosse entregue à Igreja, se ainda assim permanecesse no pecado, não ouvindo os seus irmãos na fé e nem, por último, a Igreja (isto é, não se submetendo à autoridade eclesiástica), deveria ser excluído da comunidade cristã [eis aqui a remota origem da excomunhão]. O versículo 18 estende o poder de “ligar e desligar” aos demais apóstolos, porém, sem retirar de Pedro a primazia (=chaves) sobre os demais, como podemos confirmar nas passagens que se seguem: “E o Senhor disse: «Simão, Simão, olha que Satanás pediu para vos joeirar como trigo. Mas Eu roguei por ti, para que a tua fé não desapareça. E tu, uma vez convertido, fortalece os teus irmãos.»” (Lc 22, 31-32); “Depois de terem comido, Jesus perguntou a Simão Pedro: «Simão, filho de João, tu amas-me mais do que estes?» Pedro respondeu: «Sim, Senhor, Tu sabes que eu sou deveras teu amigo.» Jesus disse-lhe: «Apascenta os meus cordeiros.» Voltou a perguntar-lhe uma segunda vez: «Simão, filho de João, tu amas-me?» Ele respondeu: «Sim, Senhor, Tu sabes que eu sou deveras teu amigo.» Jesus disse-lhe: «Apascenta as minhas ovelhas.» E perguntou-lhe, pela terceira vez: «Simão, filho de João, tu és deveras meu amigo?» Pedro ficou triste por Jesus lhe ter perguntado, à terceira vez: “Tu és deveras meu amigo?” Mas respondeu-lhe: «Senhor, Tu sabes tudo; Tu bem sabes que eu sou deveras teu amigo!» E Jesus disse-lhe: «Apascenta as minhas ovelhas” (Jo 21, 15-17).
Temos, então, que a Igreja do Senhor foi fundada após a ressurreição de Jesus. É o livro dos Atos dos Apóstolos (segunda parte dos escritos de Lucas, já que a primeira é o seu Evangelho), a partir do capítulo 1, versículo 12, que oferece os dados mais importantes sobre o início da Igreja. Poucos dias antes da fundação oficial da Igreja, em aparição aos seus discípulos e antes de ascender aos céus, Jesus promete-lhes o Espírito Santo para que o Evangelho possa atingir todas as nações: “Estavam todos reunidos, quando lhe perguntaram: «Senhor, é agora que vais restaurar o Reino de Israel?» Respondeu-lhes: «Não vos compete saber os tempos nem os momentos que o Pai fixou com a sua autoridade. Mas ides receber uma força, a do Espírito Santo, que descerá sobre vós, e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, por toda a Judeia e Samaria e até aos confins do mundo» (Act 1, 6-8).
Assim, os discípulos aguardam em Jerusalém a vinda do Espírito Santo, que marcará o início da Igreja e, enquanto esperam, elegem o substituto para a vaga deixada por Judas Iscariotes, o traidor que cometera suicídio: “… designaram dois: José de apelido Barsabás, chamado Justo, e Matias. Fizeram, então, a seguinte oração: «Senhor, Tu que conheces o coração de todos, indica-nos qual destes dois escolheste para ocupar, no ministério apostólico, o lugar abandonado por Judas, que foi para o lugar que merecia. Depois, tiraram à sorte, e a sorte caiu em Matias, que foi incluído entre os onze Apóstolos” (Act 1, 15-26).